domingo, 1 de junho de 2008

Insensatez


Madrugada de sábado. Escutei batidas na porta.
Levantei do sofá me espreguiçando. Estava de bom humor. 
Olhei através do olho mágico e abri a porta.
Era ele, meio triste, perdido e molhado pela chuvinha fina que caía. 

Entrava uma brisa pela janela, bem gelada e que conseguia arrepiar a gente.
Ele ficou uns dois minutos parado na minha frente sem falar nada.


Até que ele quebrou o silêncio: 
- “Acabou”.
Eu mal podia acreditar que ele veio na minha casa duas da manhã por isso. Sim, éramos amigos (éramos?), não sei o deu em mim, aquilo me deixou chateada e ao mesmo tempo senti algo que sumiu antes mesmo que eu pudesse definir.
Precisei respirar fundo: “Calma... Já estava acordada mesmo”.


Abracei-o. Sentir seu corpo me deixou confusa, sua mão gelada me arrepiou quando tocou meu ombro, seu perfume me invadiu,era um cheiro bom, inebriante. Meu rosto encostou-se em seu peito, pressionei a cintura dele... Isso durou apenas alguns segundos até eu ser puxada pela realidade. 


O que estava acontecendo comigo?
Afastei-me e meio atordoada falei:
“Como?” – Fiquei em silêncio alguns segundos – “Eu sei do que você precisa: Dormir. Amanha conversamos sobre o que aconteceu.Você vai estar melhor,mais descansado e de cabeça fria”.
Não sei por que disse aquilo, talvez ele precisasse conversar e não dormir, mas algo estava errado comigo, então achei que aquela era a melhor decisão, depois, pela manhã, poderia dar atenção, ouviria seus problemas, o consolaria como hoje não poderia fazer.

O fiz sentar no sofá, tirei sua camisa e uma brisa arrepiou seu corpo... 
Perfumado
macio
cheio de curvas...
Novamente me puni por pensar aquilo. 

Ele estava deprimido jogado em meu sofá e eu detalhava seu físico. Definitivamente, havia algo errado. 
Aproveitei aquele momento de insensatez e fiquei admirando meu lindo amigo em desespero.

“Vou pegar uma toalha,você vai tomar um banho.” – Falei.
Ele entrou no banheiro e respirei aliviada porque ele estava longe dos meus olhos. Eu não costumava ser imprudente, tentava pensar nas consequências dos meus atos, me sentia péssima por desejá-lo.
“Deve ser a solidão, a vodka, a beleza dele, a hora ou eu estava ficando louca de vez. Acho que preciso de sexo, mas não com ele! E não nessa situação...já faz tanto tempo assim? que pensamento...”.

Antes que eu me movesse ele voltou, enrolado na toalha. A verdade é que depois de tantos anos éramos muito íntimos, mas naquele momento toda essa intimidade... 

Enrolei-me num lençol, murmurei:
“Que sono. É... Vou fazer um chocolate quente pra você. Tenta relaxar.”
Foi o chocolate quente mais longo da minha vida, ele tomava bem devagar, fitava o nada. Enquanto que eu rezava pra acabar logo, ir dormir e esquecer essas bobagens

“Vai acabar logo... toma chocolate, dá um beijo, dá um lençol e um travesseiro pra ele e se tranca no quarto.”
Esse plano parecia ótimo.

Ele deitou na minha perna.
Meus olhos esquadrinhavam cada centímetro do corpo dele, até chegar à toalha... 

Quis que a toalha caísse... 
Depois apelei pro meu bom senso. 
Levantei delicadamente, recolhi as canecas e dei um beijo no rosto dele. 

Ele sussurrou algo que não entendi e me olhou. 
Aquilo me deixou com as pernas bambas
Aquele olhar doce, profundo. 
Coloquei as canecas no chão. 
Ele aproximou o rosto. 
Senti algo diferente, parecia uma adolescente embriagada... 
Minhas pernas bambearam de novo quando ele disse:
- “Me beija”.


Beijei-o na boca, uns beijos quentes, cheios de insanidade... Passei a língua de leve nos lábios dele, mordi devagar sua boca e os beijos foram ficando mais intensos...
Aquilo caía como uma bomba em mim... 
Um turbilhão de sentimentos, de dúvidas, de desejos. 
Deu um frio na barriga.
Sentei no colo dele enquanto nos beijávamos. 

O cheiro dele me provocava, me deixava louca. Parecia um sonho sem forma. As suas mãos iam devagar passeando pelo meu corpo, passavam pelo pescoço, desciam pelas costas e me deixavam tonta.
Ele levantou devagar, percebeu meu olhar intenso que o despia. 

Passeou pelo meu corpo até ficar de joelhos no chão beijando minhas pernas. 
Deitou-se sobre mim e me beijou novamente, 
desta vez com mais vontade, 
tinha um beijo com sabor de licor de menta.
Suas mãos frias acariciavam meus seios, então ele afastou minha calcinha

Ele gemia baixinho e aumentava cada vez mais a velocidade dos movimentos, eu seguia seu ritmo e sentia meu corpo responder...

Perdi o fôlego, 
sentia vontade de morder, 
de beijar, 
de tocar, 
de chorar. 
Fechei os olhos enquanto ele beijava meu pescoço. 
Corri meus dedos pelo peito suado dele.
Nossa respiração ficou ofegante, estávamos juntos, um.

Então de repente me senti tão relaxada... 
Ele soltou o corpo em cima de mim e me abraçou forte. 
Eu deslizei as mãos pela sua nuca e respirei fundo.


Já não precisava de explicação alguma.


“O que vai acontecer agora?”, pensei.
...

6 comentários:

  1. adorei amiga ...
    ao fim se instala realmente o sentimento de "o que vai acontecer ?"
    as descrições são otimas sutis e bem arranjadas...

    gostei mesmo

    ;****

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  2. Ai, senti até um calor lendo tudo isso... ;)
    Não tô agüentando de curiosidade: o que aconteceu depois?

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  3. Nunca fiquei tão interessado em saber um final de uma história como esta. Parabénssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss eternamente Alice.

    Um beijãoooooo pra vc!

    Ivrson

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  4. merece mais um!

    Parabéns! =)

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  5. Ah vai...se isso não aconteceu,eu não sei o que pensar,fantasia total....

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Carpe Diem,Tempus fugit.