terça-feira, 22 de abril de 2008

Por onde andei (Conto)


"Essa é uma historia de como pessoas se encontram e se perdem no decorrer da vida, de como se conhecem e se separam. Porém, mesmo com vidas diferentes ainda permanecem de algum jeito, de alguma forma, na vida da outra pessoa. Eu vejo muito isso na nossa história."

Miguel rabisca o caderno velho com essas palavras.
Olha o céu da varanda do seu apartamento.
“Bom, uma garota chega a uma cidade pequena por forças maiores do destino. Começamos por aí.
“Eu ia entrando na sala de aula e me deparei com aquela garotinha de preto, cabelos castanhos, com cara de malvada. A principio fiquei curioso, mas tentei mostrar certo desinteresse, pois parecia que todo mundo estava olhando e se perguntando quem era ela.
Sentei distante ou pelo menos tentei. Me mordi de curiosidade, mas resisti em puxar assunto quando surgiu oportunidade.
Pensei: “O que eu poderia perguntar a ela?” Nada... Essa era a resposta.
Eu a achava interessante porque ela gostava de rock e era difícil achar garotas assim.
Também por causa do seu jeito distante, meio de mal com a vida, ela inspira mistério. Por onde começaria o nosso contato? Pelas meninas da sala ou através do Frank?
Bom, pra variar meninas falam com meninas, então que sorte a minha!
Não ia ter que forçar a barra com nenhum “mané” pra poder saber sobre ela... Eu poderia simplesmente falar com as gurias da sala.
Finalmente conheço a tal, ela se chama Júlia.
A primeira impressão que tive era a de que ela era durona. Ela adora Guns n’ Roses. Nessa época eu escutava Gun´s quase todo dia.
Bom, então vamos passar para a parte mais clara em minha mente. A tal se sentia atraída por um rapaz chamado Frank, garoto estilo desportista, alto(pelo menos mais alto que eu), rude, era uma boa pessoa.
Ele me perguntava: “e essa novata, hein cara, bonita não é”?
Eu dizia é... É bonitinha. Eles começaram a se entender.
A essa altura eu conversava vagamente sobre algumas coisas com a Júlia, sobre música principalmente. Ela gostava de esoterismo, que era também um dos assuntos principais entre as meninas. Eu não tinha muita noção sobre o que elas falavam, pois meu mundo era focado em algo distante daquilo, no qual eu não precisaria de mágicas pra realizar, como manobras de skate.“

“Ai, flashback essa hora é difícil.” – Ele pensou enquanto tentava enxergar as horas no relógio.



***Parte 2***
São três horas da manhã. Júlia datilografa em sua máquina. Acende um cigarro de menta, passa a língua nos lábios ressecados pelo frio.
“Acho que devia parar de fumar e trocar essa máquina por um computador.”
Escreve.
“Bom, eu cheguei naquela cidade pequena por forças maiores do destino.
Quando o piloto avisou que chegamos em Brasília eu apertei o cinto e olhei pela janelinha. Muitas luzes! A cidade, em grande parte, é dividida em quadradinhos. Achei que seria legal morar ali.
Eu não sei bem do que estava fugindo naquela época, mas lembro que uma semana antes eu acordei e disse: “Estou indo embora”.
Arrumei as malas, me despedi dos amigos com a promessa de nunca voltar, recebi cartas, descobri que muita gente gostava de mim.
Cidade fria. Gente estranha com jeito esquisito,como dizia Renato Russo. Deixo para trás uma tartaruga, minha avó e uma paixão de adolescente. Eu sempre achava divertido ter a oportunidade de começar de novo. Ou de fugir. Tudo do zero, eu tinha uma folhinha em branco pronta pra ser escrita.
Trabalhava na loja da minha mãe e estudava a tarde. Odiava a escola porque eu era a “branquela” da turma e porque todos me olhavam de um jeito curioso, me sentia um bicho no zoológico. As pessoas me faziam perguntam idiotas também.
Passo a me sentar ao lado de uma menina loirinha, gentil, ela tentava ser agradável o tempo todo, dizia que gostava de country,  e que eu era legal. Ela também era legal. Chamava-se Fabiana. Ela passava na loja da minha mãe pra me acompanhar até a (droga) de escola todo dia. Dizia que tinha um garoto na sala querendo me conhecer, que eu devia dar uma chance porque todas as meninas gostariam de ficar com ele, era a sensação nas conversas das mocinhas; moreno alto, bonito e sensual. Eu também estou mais próxima de umas garotas, elas têm cara de malvadas, estilo punk rock, curtem o mesmo que eu e posso dividir minhas crenças esotéricas, meu rock, e meu jeito desengonçado de tocar violão.
Não falávamos de garotos. Um dia uma delas me falou: “garotos são descartáveis, eu não preciso deles, vou aos shows, vejo a banda e não quero ficar com ninguém.” A outra tinha um filho.
Também tinha uns meninos legais, que parecia mais garotos carentes que roqueiros (como eles se intitulavam), as meninas eram mais “punk” que eles.
Acontece que um belo dia o “mister universo” veio falar comigo. Tudo bem, ele era bonito mesmo, engraçado, tinha um papo legal, mas parecia um moleque bobo, aquele tipo de rostinho bonito e beijo gostoso. Eu já sabia que ele tinha uma namorada na escola e não perdi a oportunidade de lembrá-lo disso, ele falou que estavam “dando um tempo”. Se estavam ou não, desde aquela tarde, toda vez que a menina passava por mim ela tinha um apelido novo pra gritar comigo.

“É... engraçado mesmo...ah...vida real...” – Pensou enquanto acendia outro cigarro.

“A cada dia ficava mais próxima do melhor amigo do Frank, o Miguel. Ele era um tipinho diferente, carinha de bom moço, jeito de menino triste, metido a roqueiro, skatista e todo dia contava que caiu, arranhou. Ele era legal. A gente conversava muito, perguntava sobre o Frank, ele desconversava.
Sentia que ele não entendia muita coisa. Tinha também o Josué, ele era um amor de pessoa, um tipo enorme, parecia um urso. Eu sentia muito carinho por ele também, por isso sempre dava um abraço apertado, ele sorria.
Agora eu tinha amigos.
Um dia o Miguel me chamou e disse que o Frank ia terminar comigo na hora no intervalo, porque ele estava afim de uma menina do judô. Aquilo foi chocante,me fiz de forte, eu também não entendia porque ele foi me avisar. Será que ele quer que eu me prepare psicologicamente, ou queria dizer pro amiguinho a minha reação?
Dito e feito. Na hora do intervalo o Frank chegou pra mim e pediu um tempo. Tempo pra que? Claro que senti aquela raiva irracional do tipo "Estou sendo trocada".
Não, eu não queria um relacionamento sério, mas era legal ficar com ele.
Senti muito. Ele se explicou dizendo que havia certas coisas que eu não podia dar a ele, que ele queria se divertir mais. Eu sabia bem o que ele queria, e eu não ia dar mesmo.
Tudo bem.
Chorei no banheiro e voltei com um sorriso,mas no fundo estava clara a minha decepção.
Naquele dia o Miguel veio me perguntar como foi a conversa. Todos estavam muito penalizados com a minha situação.
– “Calma, não morri, só estou triste.”

Agora o Miguel e eu estávamos próximos de verdade.
É divertido estar com ele, trocar ideias, abraçar, perguntar besteiras. A gente fazia um monte de coisas juntos e eu ria. Dividíamos o sonho de ter uma banda de rock, de tocar, simplesmente. Nosso assunto principal é música. Adoro desenhar na perna dele.”

***Parte 3***
Miguel levanta e estica o corpo, bebe água e se pergunta por que está escrevendo aquelas coisas.

“Bom, me sentia o tal quando ela fazia desenhos com caneta na minha perna, achava engraçado.
Enfim, o que tinha que acontecer aconteceu: ela e o Frank se entenderam. Ficavam juntos e curtiam. Ate que o que parecia durável foi acabando. Ele começou a cair fora depois de ter se divertido um pouco. Então fiquei em dúvida: ajudar a garota legal ou dar força para o amigo? Que situação. Tentei fazer os dois, mas nem sempre deu certo. O Frank dizia que não estava a fim de nada serio, pelo menos não naquele momento, estava apenas a fim de se divertir.
Bom, a garotinha ficou triste.
Conforme o tempo passava a gente ficava mais próximo. Ela falava sobre ele, eu escutava.
Aos poucos revelava o quanto aquela jeito de malvada não era nada além de uma espécie de disfarce, afugentando assim os curiosos de plantão.
Cada vez que a gente conversava eu sabia mais dela e queria saber mais ainda.
Eu comecei a ficar bobo, sem saber o que dizer, achava que não podia acontecer comigo porque ela gostava do meu amigo e não de mim e não sou o tipo dela.
Aquele impasse foi me encurralando, a cada dia ficava cada vez mais bobo e ela continuava gostando do Frank.
Acontece que em um dia chuvoso perto da escola, depois de alguns horários sem aula, eu fui com ela ate um centro comercial que ficava perto da escola. Chovia muito. Conversávamos, estávamos do lado de fora vendo a chuva cair há bastante tempo.
E aconteceu algo inesperado: ela me beijou... Fiquei meio sem ação... Travei.
Ela disse: “relaxa”;
Relaxa??? Eu não sabia se beijava a criatura porque, até aquele dia, ainda não tinha beijado uma garota da qual eu realmente gostasse. Fiquei feliz.
Imagina a situação: As pessoas das quais você já chegou a gostar nunca ficaram com você, aí um belo dia uma dessas resolve te beijar. Ainda me veio na cabeça: “poxa, mas porque ela ta me beijando? Ela gosta do Frank.” Por isso eu travei feio daquele jeito.
Ainda tenho que lembrar que aquilo foi inusitado demais pra mim. Não entrava na minha cabeça como foi acontecer. Isso fez uma confusão na minha vida, pensava no futuro. Nossa amizade continuou normal, sem problemas ou compromisso.
Eis que um dia ela disse iria embora.
Foi o Josué que me chamou na sala dizendo que ela queria falar comigo.
Ela tentou me explicar o porquê da sua partida, e simplesmente não entrava na minha cabeça.
Ela me pediu o ultimo beijo, meio p**** da vida resisti...
Resisti também porque não queria ser visto com ela, afinal, o Frank era meu amigo.
Mas... acabei cedendo e ela acabou me beijando.
Ela se foi.

Resolvi ir até a casa dela. Conversamos muito do lado de fora, depois entramos. Sentamos em frente a uma churrasqueira. Vimos a noite cair. Eu disse que tinha que ir. A gente se beijou, estávamos juntos pela ultima vez. Era beijo e choro, toda aquela melancolia. Quando a primeira estrela apareceu no céu ela disse que sempre que eu olhasse pro céu lembrasse que aquela era a sua estrela, me falou da musica "teatro dos vampiros" que ela tanto adorava. Depois de toda aquela emoção fui embora e cada passo que eu dava me sentia mais longe, andava e chorava; ainda bem era noite e ninguém viu, exceto minha mãe que quando cheguei em casa me olhou e disse: “estava chorando?”
Disfarcei.
Escrevi uma carta que nunca mandei.
Eu não parava de escutar a tal música, ate que certo dia eu parei.
Minha vida precisava voltar ao normal, não queria continuar naquela.
Um dia, depois de algum tempo, ela me ligou, conversamos, ela chorava de um lado e eu do outro.

Eu escutei uma música logo depois que ela desligou, passou na MTV, se chama “walking after you” do “Foo Fighters” uma versão acústica e não tem santo que me tire da cabeça ate hoje que essa é a nossa música.”

***Parte 4***
Ela cochila em cima da mesinha, acorda de um salto, o cigarro queimou a sua perna. Pensa: “realmente devo parar de fumar, ainda mais depois da ultima crise alérgica que tive.”.
A propósito, ela é alérgica a cigarro.
Fuma pra fingir ser uma charmosa artista de cinema e porque o gosto de menta no cigarro é ótimo, cigarro com gosto nessa cidade é cigarro de mané. Ela não se importa em ser mané por algum tempo. Volta a escrever.

“Esse tempo todo junto fez a gente descobrir muitas afinidades e me fez ficar confusa. Uma amiga perguntou qual palavra seria melhor pra definir o Miguel, respondo que a palavra era hesitação; ele hesitava em falar e em agir. Ela perguntou: “Será que você ainda gosta do Frank mesmo”?” respondi que sim.
Ela retrucou: “você quer ficar com o Miguel, esta confundindo tudo. Dá pra notar... mas você não pode fazer isso, porque ele é o melhor amigo do Frank, se você ficar com ele não vou poder te ajudar, você vai estragar nosso circulo de amizades.”.

Quem ela era pra dizer o que eu podia fazer? Ela não tinha razão, eu não gosto do Miguel dessa maneira, ele é legal, só isso. Ele nem faz meu tipo, é um garotinho sem graça... Além disso, o que me faz pensar que ele iria querer me beijar? Que pensamentos idiotas.
Eu refletia sobre esse assunto enquanto saia da loja e ia pra escola.
Cheguei à escola e o vejo com alguns amigos na entrada, disse oi, ele veio falar comigo. Por culpa daquela amiga maldita eu ficava pensando um monte de bobagens. (Por culpa dela?)
Ele falava, mas eu não entendia o que ele dizia, estava meio longe; ia medindo ele e pensando: “ele é um gatinho... está mesmo de notar?"
Falei com outra amiga, ela disse que talvez eu devesse beijar ele pra testar. Ok.
Aconteceu que em um dia chuvoso, tínhamos um tempo depois da aula. Fomos pro Alternativo Shopping e sentamos do lado de fora, ficamos jogando conversa fora um tempão. Já estava pertinho de me despedir, era quase hora de fechar a loja e ir embora com minha mãe. Lembrei do que a amiga disse, quis sentir o gosto do beijo dele.
Beijei.
Como eu esperava o “homem hesitação” ficou em pânico. Me passou pela cabeça o que aquela amiga maldita havia dito: “você vai estragar tudo”.
Ela tinha razão, eu devia tê-la ouvido. E agora?
O garoto tinha o melhor beijo do mundo, daqueles que te faz esquecer onde está, molhado, carinhoso. Eu fiquei profundamente arrependida porque ele não queria ficar comigo, ele devia esta me achando uma idiota, me beijou por piedade... eu mal conseguia olhar pra ele.
Minha mãe perguntou o que eu tinha. Nada, era a resposta. Não tinha nada, literalmente.

Pouco tempo passou, fingimos que nada havia acontecido.
Acho que eu não estraguei a amizade. Ele não sente nada, por isso finge que nada aconteceu.
Eu me sentia atraída por ele, desde aquele beijo eu não lembrava do Frank.
O beijo mais perfeito, era tudo o que eu tinha,aquela sensação boa,o barulho da chuva e o pânico do garoto. E isso não foi bom, porque agora eu queria ficar com um menino que nem mesmo olhava pra mim do jeito que eu queria. Acho que ele se sentia usado.
Daí veio o fim de semana. Pensei muito no assunto, havia discutido com minha mãe e estava triste.

Acordei domingo e disse: “Estou indo embora.”
Comprei a passagem, cansada de tudo aquilo. Fui à escola, falei com minhas amigas. No outro dia eu voltei lá e ganhei cartas, abraços e beijos dos meus amigos. Descobri novamente que muita gente gostava de mim.
Consegui falar com o Miguel, não lembro o que eu disse.
Mas lembro que pedi um beijo. Ele não queria me dar. Pensei: “até quando vou ter que me humilhar pra beijar esse menino”. Insisti, ele mais uma vez me mostrou seus sentimentos, ele me queria como amiga e ponto. Mas me beijou.
Coloquei meus amigos e minha breve historia em Brasília na mala.
E fui dormir um pouco. Minha mãe me acordou e disse que tinha um amigo querendo falar comigo. Fiquei surpresa.
Sorri.
Conversamos bastante.
Foi ótimo, me senti bem por que ele tinha se dado o trabalho de ir me ver.
Vimos a noite cair.
A gente se beijou pela última vez, era o mesmo beijo, mas tinha um gosto salgado dessa vez.
Não queria que ele fosse embora. Aquela noite podia ter durado pra sempre.
 Mas ele teve que ir.
Fui tomar um banho, me sentia triste enquanto a água quente caía, e chorava baixinho.

Lamentável o modo como as coisas acontecem na vida da gente. Um dia a gente se apaixona e de repente esta se despedindo daquela criatura pensando que nem deu tempo de andar de mãos dadas. Será que tudo iria ser diferente se ele tivesse ficado comigo pra valer,será que eu não teria ido embora?
Depois de um tempo resolvi ligar pra ele, foi bom ouvir sua voz novamente. Depois recebi uma carta, que não lembro se respondi.
E nunca mais soube dele.
Passaram-se muitos anos e recebi uma carta em que fiquei sabendo que ele estava namorando com uma de minhas amigas. Meu orgulho ficou ferido,devo admitir....na verdade eu a teria matado naquele dia,as pessoas são um lixo,eu fiquei com o melhor amigo do Frank e depois Miguel ficou com minha melhor amiga em Brasília.
A garota  inconsequente e impulsiva lembrava com carinho do passado.


***Parte 5***
Júlia releu aquelas palavras e pensou no porque escrevia aquilo. Era um sentimento meio estranho,de culpa,de medo,de loucura. Ela não era mais aquela garotinha boba que ela havia conhecido,havia se tornado uma mulher cheia de convicções e atitudes. Mas ainda havia muito da menina que hora pensava em beija-lo novamente, hora odiava-o muito pela forma como ele a fazia sentir-se e ora queria transar com ele pra testar a amizade ou matar de uma vez esse desejo, um assunto inacabado, não havia como definir.
A distancia não ajudava.
 E como sempre queremos o que não podemos ter, era inevitável querer estar de novo com ele naquela amizade colorida.
Júlia se apoiou na sacada e acabou seu cigarro,pensando que seria o último. Não era.

*** Parte 6***
E como esse não é um conto de fadas – escrevia Miguel – ninguém sabe o final.
Ninguém sabe nem mesmo se foi real,se irão se reencontrar um dia e ficar juntos novamente ou se simplesmente um foi figurinha repetida no álbum da vida do outro. Apesar disso a conclusão é bastante simples: muita coisa pode acontecer.

Aos poucos aquelas coisas iam tomando rumo,tendo um sentido qualquer,quem sabe porque eles agora sabiam bem o que queriam,do eram capazes e sabiam que iriam até as ultimas conseqüências com tudo que começavam.
Naquela noite eles admitiram seus maiores defeitos,se arrependeram e fizeram promessas tolas.
Viver intensamente, nada de coisas insignificantes.

Fotos: Guilherme Santana

P.S.: Obrigada Miguel porque você é digno de todo meu sentimento,esse texto é pra você em homenagem a nossa amizade cheia de cor.

4 comentários:

Carpe Diem,Tempus fugit.