sábado, 22 de agosto de 2015

Deposição


"Ela está descalça caminhando...
Que noite serena...
Nublado, ruas vazias.

Ela quase consegue ouvi-lo dizer que assim vai acabar cortando o pé


Se doer, diz o terapeuta, eu quero que você grite.
O mundo é dor. De amor, do parto e da partida.
Freud explica, é dor de amor ferido pela carência de gozo e dor. (Paradoxal, eu sei.)
Dor de poetisa, que sem aquele beijo geme sozinha.

Não há flores.
E a dor te acorda.
Eu só queria te dar a mão agora.
Serenou e te vejo ir embora tão devagar que nem tenho certeza se é real. 

Náuseas.

Superei meus limites. 

Você se recusa... eu sei que é instintivo.
Mas um dia perceba que não há como tirar da pele a possibilidade de ser ferida sem tirar-lhe a possibilidade de ser tocada, de ser marcada. 

Senão vamos acabar às voltas, com o desejo de intensidade e ao mesmo tempo apavorados de medo de sentir além do que podemos suportar. 

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Carpe Diem,Tempus fugit.